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Apresentação

Fala galera, beleza?

Se você está aqui neste Blogue agora é porque provavelmente conhece o meu outro blogue – Diário de Bordo da Shao – onde eu posto sobre meu dia a dia, coisas que eu curto e um monte de blábláblás. Este aqui é um novo projeto que… depois de quase um ano postagens consecutivas no blogue anterior eu tive coragem de encarar.

Toda a sexta-feira vai ter um texto novo, de minha autoria, por aqui. E no final de seis meses (ou um ano, não sei ao certo ainda… vai depender do andar da carruagem e dos textos que forem fluindo) eu pretendo mandar publicar meu segundo livro.

Os textos vão ficar aqui expostos apenas por esse período de tempo, depois eles devem ser retirados, quando fora a hora de serem publicados eu obrigatoriamente tenho que tira-los do ar. Mas… assim que eles forem pulicados, os livros vão vir com um código promocional para quem comprar poder acessar e baixar histórias extras que não devem ser publicadas no blogue.

Espero que vcs curtam este pequeno canto da Internet… deixem comentários, é sempre legal ouvir a opinião de vcs. Se gostarem das histórias curtam, compartilhem nas redes sociais. Vejam também meu livro de poemas que está disponível para venda. E se não quiser perder as novas postagens que (repetindo) vão ser publicadas todas as sextas-feiras… Fiquem atentos às redes sociais, que sempre vão estar sendo postadas os novos textos. Eu espero ver vcs por aí.

Abraços…

Shao

Em terra de cego…

Era um dia frio,  uma sexta-feira fria que graças a Deus estava chegando ao seu final… Ele estava muito muito cansado. Fisicamente cansado mas mais cansado ainda na alma. Uma vontade imensa de ir para casa, se trancar no quarto, deitar e dormir o final de semana todo… só colocar a cara para fora de novo na segunda.

Mas… sentia que não era o bastante. Sentia que aquela amarrada, encolhida dentro dele não iria embora, não iria sair de dentro dele assim… com algumas noites de sono.  Saiu do trabalho, mochila nas costas… suspirou tristemente imaginando a fila do terminal e o ônibus lotado que o levaria espremido, sacolejado para casa… Os ônibus na direção oposta iam vazios, pela milionésima vez desde que começara a trabalhar ele desejou morar pros lados do centro… assim sempre pegaria ônibus no contra fluxo… iria sentado para casa, poderia descansar um pouco nessa uma hora e meia de viagem que fazia todos os dias, ida e volta de casa para o trabalho do trabalho para casa. Mas não tinha essa sorte.

Olhou para o relógio… seis da tarde. Olhou para os ônibus vazios novamente e teve uma ideia. Não ia para casa… ia para a igreja rezar, falar com Deus e tirar aquele aperto do peito que lhe agoniava. Atravessou a rua e em menos de dois minutos estava indo num ônibus vazio para a estação de metrô mais próxima. No contra fluxo não tinha trânsito então em menos de quinze minutos alcançou seu destino.

Desceu do ônibus no terminal que dava acesso à estação e atravessou três plataformas para chegar até a escada rolante. Ia andando assim sem pressa quando ouviu uma voz feminina… “Moço… por favor… Moça… por favor…” não soube exatamente porque o fez mas olhou na direção da voz. Uma senhorinha, estava parada na quarta plataforma… e se dirigia à multidão que desviava dela apressada… a senhorinha, muito bem vestida e que devia ter quase seus setenta anos… só tinha como companhia a sua bengala… ela era cega.

Ela se dirigia às pessoas que passavam quando as ouvia… certamente na esperança de que alguém a ajudasse a atravessar de uma plataforma para a outra ou a chegar até o ônibus, mas ninguém parava… era como se ninguém a enxergasse. Aquela cena fez com que ele parasse de caminhar na direção das escadas rolantes. Sem pensar muito e com o coração ainda mais apertado em ver aquela mulher, pequenina, de aparência frágil sendo ignorada pela multidão, atravessou para a quarta plataforma e gentilmente tocou no ombro da mulher. “Posso ajudar a senhora???” – perguntou.

“Oh, meu filho… você poderia me ajudar??”
“Claro, o que a senhora precisa?”
“Eu preciso chegar do outro lado do Terminal para pegar o ônibus 3060.”
“Okay, eu levo a senhora.”

Como a mãe havia lhe ensinado, ele deu o cotovelo para a senhora e foi guiando ela até as escadas rolantes, ela andava devagarinho devido a idade. Ela era muito alegre, perguntou seu nome, disse que ele tinha uma voz muito bonita e que devia ser um rapaz bonito. Disse que tinha conhecido outra pessoa com o mesmo nome dele e que era uma pessoa igualmente maravilhosa.

Demorou meia hora até conseguirem atravessar toda a estação de um lado a outro. Mas foram conversando e rindo. Chegando no ponto o motorista estava do lado de fora, esperando sua passageira. “Demorou hoje hein Dona Maria?” disse ele com um sorriso estendendo a mão para ajudá-la. “Ahhh demorei, mas fiz um novo amigo. – virou-se novamente para ele e disse: – Deus te abençoe meu filho, vou rezar uma novena por você!” e partiu sorridente.

E ele, com um sorriso também andou todo o caminho de volta dentro da estação e pegou o metrô e partiu para a igreja. Mas naquele começo de noite ele não levava mais o coração pesado. Iria para a igreja agora agradecer por ter se desviado do seu caminho e compartilhado aquela meia hora com aquela senhorinha.

Derrota…

Subiu o primeiro lance de escadas, cansado… tinha sido um dia longo, um dia duro. Cada passo pesava quase quinhentos quilos. Pelo menos era assim que ele sentia cada vez que movia a coxa, o joelho, a panturrilha, o tornozelo… cada vez que a sola do pé tocava novamente o chão e ele sentia que não havia progredido muito. Não que ele não se movesse, continuava andando, caminhando, mas caminhava ebriamente como se não houvesse realmente lugar para ir e nem porque ir para este lugar inexistente. Como se ele estivesse infalivelmente preso aquele destinho ingrato, aquela situação.

Virou-se…. mais um lance de escadas… estava no primeiro andar… dois lances de escada para cada andar… mais passos, eram oito degraus cada lance de escada, mais quatro passos para fazer a curva da escada… doze… ele contou, ainda arrastando os passos, agora mais cansado. Mais desanimado. Cada passo que encurtava a distância aumentava a certeza do emprisionamento do seu coração, da sua alma. E do tamanho das impossibilidades que se erguiam como paredes inexpugnáveis ao seu redor. Ergueu a cabeça… terminou mais aquele lance de escada. Queria mesmo era sentar nos degraus ali mesmo e chorar até se sentir idiota. Mas, O tolo inconformismo que muitos chamam esperança o compelia a continuar caminhando, continuar subindo…

Mais um lance… mais meio andar… podia ouvir vozes, mais de uma. Quem estaria lá? Visitas? Parentes? Amigos? Não queria saber na verdade, não importava… não fazia diferença, não ia mudar nada por mais boas intenções que eles tivessem. Contou… mais oito passos, oito degraus… mais quatro… curva… mais um lance e estaria no segundo andar.

E se lembrou que acordou aquele dia, sem querer acordar, comeu sem fome, foi trabalhar desanimado, falou com as pessoas, fez seus afazeres, completamente mergulhado nos estupor fenomenal. Tudo tilintava vida ao seu redor enquanto dentro dele tudo estava meio parado, meio morto. Segundo andar. Curva. Mais um lance.

Depois pegou mais um ônibus, chegou cedo na escola, foi para a biblioteca e tenteou estudar, ler… mas não conseguia se concentrar. Tinha sono, mas não conseguia dormir. Ficou duas horas encarando o livro, esforçando-se para absorver um átimo que fosse do conhecimento que precisava para, trabalhos provas… para ir bem na vida diziam. Não que ele se importasse de verdade… não importava. Curva, mais um lance… terceiro andar… agora faltavam apenas mais dois.

Ajeitou a alça da mochila, a jaqueta escorregava, ele a jogou por sobre o ombro esquerdo e olhou para cima buscando o fim da escada, Quatro lances apenas… Alarme chamou os alunos para a aula, ele correu, sentou-se na cadeira no canto da parede e … quando não podia… pegou no sono, na cara do professor, no meio da aula. Um sono atribulado, cheio de pesadelos permeados dos seus medos, da agonia. Acordou com a voz do professor falando mais alto… o mestre pediu desculpas por acordá-lo e todos riram, alheios da batalha que ia lá por dentro dele.

Quarto andar… a aula terminou e mais três ônibus para casa… descera no ponto, caminhara uns 500 metros, atravessara a avenida, abrira o portão e agora subia as escadas. Curva, quatro passos… mais um lance… faltavam só oito degraus… as vozes mais altas… definitivamente visitas. Muitas vozes. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete… suspiro… olhou para cima, para a porta de onde soavam as vozes. Ele era a imagem da derrota. Sentia-se a imagem da derrota. Bateu na porta… as suas chaves na mão… mas… estava tão cansado. – Já vai… uma voz gritou. A porta se abriu e ela sorriu ao vê-lo entrar. Estava feliz em vê-lo e por um instante o mundo se iluminou novamente. Ainda havia aquele sorriso.

Nós gatos… A Fuga

Manuel correu, correu, correu sem parar e sem olhar para trás. Não acreditava que seu humano queria separar ele do amor da sua vida. Mas ele não ia deixar… não senhor. Ia fazer como um amigo de batalhão do seu humano fizera uns anos atrás… iria desertar!

Numa das muitas cidades pela qual o pelotão passava… O rapaz se apaixonara por uma moça mas os pais dele e os pais da moça não acharam que era uma boa união e proibiram os dois de se verem novamente. O rapaz fizera as malas na calada da noite e roubara a moça da casa dos pais dela e os dois sumiram no mundo. Nenhum dos companheiros do pelotão nunca mais ouvira falar dele. Enquanto corria em direção à casa de Morena.

Durante meses os soldados conversaram entre si, como o tal rapaz havia jogado fora uma oportunidade de ouro, uma carreira promissora… Na época ele não entendera muito bem, mas agora ele não concordava nem um pouco com o que os outros humanos estavam falando. O soldado desertor era u único que estava certo. Eles dois estavam certos, eles eram os únicos que sabiam o que era o amor e ele não ia deixar que as outras pessoas determinarem o que nem quem era certo ou não para ele… Não senhor, nada disso… ele não ia aceitar esse absurdo, era ele quem decidia as coisas na sua própria vida.

Correu, correu e correu mais ainda… correu até ficar sem fôlego. Estava triste, estava decepcionado… e um pouco desesperado. Queria contar tudo para Morena… parou no meio da estrada… olhou para um lado e para o outro. Atravessou a estrada e se enfiou no meio da plantação… que devia ser de milho. Sentou-se e ficou por longos instantes olhando para o nada. Tentando engolir a tristeza.

Como é que seu humano… que até então era o melhor humano do mundo, que sempre lhe dera a melhor comida, carinho e atenção. Que nunca fora mesquinho… Como é que ele podia querer que ele não ficasse com quem ele amava?? Como ele podia não querer que ele fosse feliz com o amor da sua vida.

Continuou caminhando lentamente e cabisbaixo até a casa de Morena. Ela tinha que saber. Ele tinha que fazer alguma coisa. Chegou de mansinho na casa, Morena estava em seu posto, em cima do telhado… tomando conta da família como sempre. Ele a observou silenciosamente por alguns instantes. Então respirou fundo, tomou coragem e subiu até o telhado fazendo barulho suficiente para que ela ouvisse seus passos. Depois de tantos dias juntos, Morena já tina decorado o barulho característico de suas pegadas. Ela olhou para ele, um sorriso no rosto enquanto ele se aproximava.

– Olá. Achei que ia ficar com seu humano hoje…

– Precisamos conversar. Disse ele e ela apenas o encarou curiosa. – Você quer fugir comigo???

Continua…

Ela morre no final…

Todos estavam animados… Titanic no cinema… Mas ele não estava tão animado. Na verdade ele estava extremamente irritado. Mulher era um bicho estranho mesmo. Adorava filme de romance é de drama, adorava mais ainda quando juntavam os dois num filme só. Onde ja se viu, gostar de filme com todo aquele romance e todo ou então com tragédias??? Sua concepção de filme bacana era aquele que você saia de casa para assistir e se divertia.

Sinceramente não compreendia o conceito de diversão onde a pessoa saia de casa, se arrumava toda, gastava uma grana violenta, porque vamos e convenhamos cinema era uma coisa cara, para ficar uma, duas horas chorando na sala escura porque o personagem principal morreu. E daí a mulher chegava linda na porta do cinema e saia da sala escura parecendo uma assombração com a maquiagem toda borrada.

Enquanto esperava na fila gigantesca para comprar os ingressos ele bufou mais um pouquinho. A namorada estava animada para ver o filme, ele sorriu fingindo animação também, mas por dentro estava se preparando psicologicamente para horas de tédio. Finalmente compraram os ingressos, então foram para outra fila para comprar pipoca. Comprou o maior pacote de pipoca que tinha, sabia que o filme seria longo pra caramba, precisava de suprimentos. E um balde de refrigerante… 

Pronto, de posse dos ingressos, das pipocas, dos refrigerantes… Era só esperar a sala abrir… Dez minutos, em pé na fila… Equilibrando os comes e bebes. O pessoal do cinema organizou a filha e começaram a entrar. Os lugares não eram marcados, mas eles eram quase os primeiros da fila então conseguiram sentar bem no meio da sala. Se aconchegaram, ajeitaram a pipoca, o refrigerante. Deixaram as outras pessoas passaram, se ajeitarem e aguardaram mais alguns minutos até que começaram os trailers dos próximos lançamentos. 

sai do cinema e diz que o ator morre no final

 

Enxaqueca!

Fala galera, devido uma grave enxaqueca  desta que vos escreve, que me deixou de molho quatro dias esta semana excepcionalmente não teremos post no Blogue. Eu me atrasei para escrever e o dia que era para eu ter escrito eu estava de cama sedada pedindo a Deus que minha cabeça parasse de doer. Mas… semana que vem estaremos de volta com a nossa programação normal.

Abraços
Shao

Laércio, o porco.

Laércio era um porco… sim, um porco. Um porquinho, animalzinho, que vivia na fazenda e morava no chiqueiro. Ele se lembrava de nascer, no meio de uma ninhada com tantos outros porquinhos e se lembra de sempre, sempre ter sido o maior de todos eles. Até o dono da fazenda e o veterinário que ele chamara se espantaram com o seu tamanho para tão tenra idade. É um baita porco esse meu amigo, disseram o veterinário ao fazendeiro, eu se fosse você o colocaria separado depois dele desmamar e criaria para ser um reprodutor, esse tem futuro.

Futuro, que palavra engraçada, para um porco, hoje Laércio sabia disso, o futuro geralmente era o açougue em forma de linguiça, toucinho, bacon entre tantas outras coisas. Não era, vamos e convenhamos um futuro brilhante e desejado. Era mais um destino, terrível e inevitável. Para Laércio entretanto as coisas prometiam correr de forma diferente… para Laércio o futuro, parecia um pouco menos sombrio…

Depois que Laércio cresceu um pouco (um pouco mais que seus irmãos de ninhada) e desmamou, foi afastado da mãe e dos irmãos e colocado num cercado só para ele… do lado de outros três porcos, ‘os premiados’ como eram chamados. Era os porcos reprodutores do fazendeiro. E Laércio iria crescer para ser um deles… Sentiu-se sozinho e com frio nas primeiras noites, chorou, resmungou… o fazendeiro lhe colocou mais feno para dormir e lhe deu mais comida e uns tapinhas na cabeça, mas não o colocou de volta no cercado com sua mãe e irmãos.

Se acostume com a solidão meu amigo… ela vai ser sua companheira daqui em diante, disse um porco malhado, muito maior e muito mais velho que morava no cercado do lado. Laércio achava que ser um dos ‘premiados’ ia fazer sua vida melhor que a dos demais porcos da fazenda. Logo descobriu que não era bem assim… como os demais porcos eles também estavam ali para servir aos interesses do fazendeiro.

Laércio não tinha amigos, não saia para passear, a não ser quando tinha que sair do cercado para fazer seu trabalho de reprodutor. Nunca entretanto vira um sequer dos seus filhos. Todos os outros porcos, os que iam virar toucinho e os seus vizinhos privilegiados de cercado carregavam aquele ar sereno. Estavam todos conformados com suas sinas, suas vidas, seus futuros, fossem essas vidas mais curtas ou mais longas… eles pareciam não perder um minuto sequer pensando ou filosofando sobre a vida como ele o fazia de vez em quando.

Pensar não é para porcos. Decretara o gigante malhado do cercado ao lado e os outros grunhiram sua concordância. Mas o que Laércio podia fazer? Deixar de pensar? Como um ser simplesmente deixa de pensar, de questionar. Era apenas mais um porco, mas… um porco pensante. E não sabia ser diferente. Os outros porcos lhe torciam os focinhos. O achavam estranho. Você é diferente Laércio! O fazendeiro lhe dissera com um tapinha na cabeça.

Diferente como??? Será que o fazendeiro sabia que ele era um porco pensante? E ser diferente era bom??? Os outros porcos pareciam achar que não. O fazendeiro parecia achar que sim. Laércio não sabia. Não se decidira ainda. Um dia o neto do fazendeiro se aproximara do seu cercado, escalara a cerca e ficara horas a fio observando-o. E ele, sem muito mais o que fazer, observava o humano de volta. Depois de horas, o moleque se cansara e fora ao encontro do avô que passava por lá.

Esse porco é diferente. Disse ao avô. Sim, esse é o Laércio, meu melhor porco reprodutor. Disse o avó com um sorriso benevolente para o menino. Sim, mas ele é bem mais que isso. Continuou o menino. Verdade? Indagou o velho. Sim, continuou o menino… ele é bem mais inteligente que os outros porcos. Fiquei horas olhando pra ele e ele me olhava bem nos olhos. Ele tem os olhos inteligentes… é como se ele estivesse pensado profundamente enquanto olha para você. Os outros tem os olhos mais mortos, mas parados… Eu acho ele legal!  O avô riu alto, você tem uma baita imaginação camarada!

Laércio ouviu essa conversa e ficou animado, alguém percebera que ele pensava, que ele era diferente e achava aquilo legal!

Continua…

Nós gatos… A proibição

Manuel era a felicidade em forma pessoa (ou melhor –  em forma de gato). Estava namorando a linda Morena, nunca o mundo lhe parecera tão belo, tão perfeito. Nunca uma cidadezinha perdida no interior deste país lhe parecera o melhor lugar do mundo. E aquela cidadezinha era o melhor lugar do mundo pelo simples motivo que era naquela cidadezinha que morava sua Morena.

Ele andava pela cidade todo Pimpão, peito estufado, o rabo em pé… todo empinado. O pelo antes branquinho estava todo pintado de lama, antes lustroso e liso agora estava cheio de carrapicho de tanto se enfiar no meio do mato ao lado da sua Morena perseguindo pequenos animais típicos do local. Fazia dias e dias que não via seu humano, tamanho mergulho que dera naquela paixão. Enquanto corria pelo campo… amarelinho… da plantação de trigo pensou no seu humano e como ele acharia aquilo divertido se pudesse correr com ele naquele lugar. O sol poente batia nos trigal e tudo ficava ainda mais dourado. E o cheiro invadia o ar e impregnava nas suas narinas e na sua pelagem.

Estou com saudades do meu humano – disse ele no comecinho daquela noite para Morena – Acho que vou vê-lo hoje à noite. Faça isso… Família é importante. Disse Morena séria. Você tem que cuidar do seu humano, certificar-se que ele está bem, está seguro. Ele concordou com um sorriso. Esfregou a cabeça nela em despedida e partiu para o local onde o seu humano estava alojado. No caminho primeiro ele ficou alegre. Estava mesmo com saudades daquele humano danado. Ele o veria chegar, e faria festa e perguntaria, onde você andou seu peralta? Ia aninha-lo no seu peito e coçar sua barriga. Talvez ele ganhasse umas sardinhas. Se tivesse sorte um pote de atum, eram seus favoritos.

Mas no meio do caminho, ele viu os caminhões indo e vindo, entrando e saindo. Então ele se lembrou que, aquele lugar, como tantos outros que visitara com ele, era temporário… chegou no lugar, foi procurar seu humano, já estava desolado com a possibilidade de ter que ir embora e nunca, nunca mais ver a sua Morena.  Era seu primeiro amor. E o primeiro amor, diziam, tinha dessas coisas de abalar tudo e mudar todas as coisas.

– Manuel!!! Rapaz onde você andou??? – o seu humano o avistara quando ele entrava no quarto conjunto, abandonara o jogo de dominós e correra até ele e o apanhara. – Eu estava morrendo de preocupação! Achei que alguém tinha roubado você ou que tivesse sofrido algum acidente. – Apontou o dedo para ele. – Nunca mais faça isso!!! Nada de sumir assim!!! Você está todo mulambento! Olha esse pelo cheio de carrapicho! – disse em tom de desaprovação. – Ai ai ai, vai dar um trabalho danado limpar você seu porcão!


– Onde você vai rapaz??? Olha o jogo!!! algum companheiro gritou da mesa de jogo enquanto ele se afastava.

– Vou dar um jeito neste molambo, olha a só! Aposto que tá cheio de carrapatos também. Por Deus se eu tiver que gastar meu soldo em remédio pra carrapato pra você não vai ser bonito. Arrumo uma gaiola e tranco você nela até a gente ter que ir embora. – Manuel ficou deprimido de verdade. Seu humano não ficara feliz em vê-lo, ficara era bravo com o estado deplorável que ele se encontrava. E ele começou a falar e falar e falar sem parar enquanto executava a difícil tarefa de deixar ele limpinho e com o pelo branco como a neve.

– Onde você andou hein Manequinho? – perguntou então mais calmo. – Arrumou uma namorada foi??? – Manuel miou baixinho, como quem dizia… é… foi isso. – Foi isso mesmo né seu pilantra??? Danado!!! Safadão!!! Só espero que não tenha sido nenhuma vira-latas sem pedigree. Você é um príncipe!!! Tem que namorar princesa!!! Como assim??? Manuel ficou miando e olhando longamente para seu humano. Morena era uma princesa… quanto a isso ele não precisava se preocupar.

– E nessa cidadezinha onde Judas Perdeu as botas não tem princesa nenhuma digna do meu Manequinho. O quê????!!! – Só tem umas gatas vira-latas que não servem para nada a não ser comer ratos e juntar pulgas. E você está proibido de enroscar com essas gatas da ralé! Manuel ficou revoltado, começou se remexer e dar show dentro da bacia onde o seu dono estava. – Ei o que deu em você seu pirado! Manuel pulou e esperneou, arranhou o humano e todo ensaboado como estava fugiu da banheira improvisada.- Volte aqui seu doido! Eu nem terminei de dar banho em você! Vai ficar todo sujo novamente!!!

Não!!! Não volto nunca!!! Ninguém vai me proibir de amar minha Morena!!! Eu fujo!!! Fujo com ela para longe de tudo e de todos!!! Manuel pôs se a correr loucamente para longe dos gritos do seu humano. Ninguém ia lhe dizer que ele não podia ficar perto de Morena, que ela era vira-latas. Ninguém ia proibir nada!!! Correu, correu, correu… ia procurar Morena, os dois iam fugir juntos!

Continua…

A Freira que Apagou Deus…

Acordou sem muita animação naquela manhã… aquele ano letivo que prometera ser tão interessante estava se tornando numa grande decepção. Pedira, implorara para a mãe e o pai lhe matricular no colégio de freiras porque havia lido um livro contando a história da vida dos santos e havia achado tudo tão bonito, especialmente a parte sobre algumas freiras que havia enfiado na cabeça que queria ser freira quando crescesse. O pai achara aquilo estranho, a mãe balançara a cabeça de um lado para o outro, rira e falara: Deixa ela… é fase! Foi por causa daquele livro que ela leu… daqui a pouco isso passa!

Finalmente eles haviam assentido e ela ficara extremamente feliz. Infelizmente já passara meses e ela em vez de se inspirar cada vez mais, estava cada vez mais decepcionada com o que via, ouvia e aprendia. Aquela manhã estava especialmente deprimida, era aula de religião, e a aula ia ser na capela do colégio. E tudo o que ela tinha aprendido até agora eram apenas os procedimentos e etiquetas dos dogmas religiosos. Como entrar na igreja, como se sentar, como fazer o sinal da cruz corretamente, como sair da igreja… ai e isso era tão chato!

Não era isso que ela queria aprender. Ela queria aprender mais sobre Deus, os anjos e os santos e os milagres. Fizeram fila na porta da sala de aula, onde deixaram as mochilas e foram caminhando ordenadamente para a capela. Chegando lá… entraram como haviam sido ensinados. O cheiro característico da capela invadindo-lhes as narinas. Aquele cheiro de velas, incenso e poeira das pesadas cortinas de veludo vermelho que impediam a entrada do sol, escondia os vitrais coloridos e deixava o ambiente mais sombrio, mais paranormal … mais respeitoso, afinal era a casa de Deus.

Secretamente ela desconfiava que as cortinas que tapavam os vitrais coloridos foram colocadas ali estrategicamente pelas freiras para que as cores vivas e alegres não distraíssem as crianças durante as aulas de religião. Ela mesma, adorava ficar observando as cenas bíblicas reproduzidas nos vitrais das diversas igrejas que já visitara. Podia ficar horas e horas admirando essas imagens.

Sentaram-se nas três primeiras fileiras de bancos da capela. Lindos bancos envernizados de mogno. O verniz fazia com que os bancos brilhassem. Na penumbra da capela iluminada pela vela e por algumas luzes do altar eles eram quase negros. Como sempre ela se sentara em frente ao santo que dava nome ao colégio enquanto aguardava a aula começar. São José era o santo. Diversas vezes, na hora do lanche, enquanto ela lanchava sozinha ela se sentava aos pés da grande imagem de São José que ficava no pátio do colégio e ficava observando o movimento das crianças pulando, correndo e brincando. Ele era quase como um amigo, meio careca, de barba, os cabelos ralos não muito lisos, os olhos tristes, sofridos. Lá estava ele… sempre em pé, com uma mão segurando o menino Jesus e com a outra mão um cajado de onde florescia um lírio branco…

Hoje vamos falar do altar, dos elementos do altar. A voz da freira deu um basta nos seus devaneios. Todos os elementos do altar tem a sua simbologia, seu significado. Enfim algo interessante! Ela se empertigou no banco, ficando mais atenta. A freira pôs-se a explicar cada item do altar, sua importância, até então era a aula mais interessante que ela assistira dentro da capela. Tudo tinha o seu porque, sua razão! Muita gente frequentava a missa todas as manhãs e não sabia nada disso.

Então a freira pôs se a explicar sobre o sacrário, que era uma espécie de cofre que ficava no altar onde eram guardadas as hóstias consagradas. Ao lado do sacrário tinha uma pequena luz vermelha acesa… e então a freira disse: ‘Quando essa luz está acesa é porque Deus está presente na igreja’.

Ela arregalou os olhos, estupefata… a luz estava acesa. Deus estava na igreja, sim! Ele estava ali, naquele lugar, naquele momento. Aquela pequena luz vermelha acesa era uma prova incontestável de que ele existia e estava ali ouvindo as nossas preces! Aquilo era incrível!

Na pequena cabeça de uma criança de nove anos, ela entendeu o que a freira explicava como um milagre imensurável. Para ela, o poder de Deus saia do céu, entrava naquela pequena caixinha dourada e então a luz se ascendia! A fé inocente de uma criança. Passou o restante da aula atônita, maravilhada com o que tinha acabado de testemunhar.

Então é isso crianças… por hoje é só. Aprendemos bastante coisas não é? Guardem suas anotações e estudem elas em casa. Vamos andando porque vcs tem aula de canto agora. Todos os alunos se ergueram em ordem, e em silêncio e foram, aos pares, saindo da capela e formando uma fila no corredor do lado de fora. Porque tinha se sentado na primeira fila, no canto… ela foi a última a sair da capela. Na verdade a penúltima, a última era a freira… que ficou para trás fechando todas as coisas e apagando as luzes da capela…

Ainda maravilhada, ela ficou observando a freira cuidar das coisas, arrumar a casa de Deus… e então irmã Juliana – esse era o nome da freira – colocou a mão atrás de uma cortina, apagou as luzes laterais, as luzes da parte de trás da capela e quando ela foi apagar as luzes da parte frontal ela… Apagou a luz ao lado do sacrário. A menina arregalou os olhos. Ela tinha acabado de APAGAR DEUS!!!!

Percebendo o engano, mas não o rebuliço que ela causara dentro daquela pequena alma, ela acendeu novamente a luz vermelha e apagou a luz da capela, que ficou na penumbra. A pequena luz vermelha brilhando na escuridão.

Os olhos da menina não conseguiam abandonar a imagem da luz vermelha. A decepção transbordando por eles em forma de lágrimas. O que isso queria dizer? Era tudo um engano? Deus nunca havia estado naquele lugar? O pequeno coração estava partido, sentindo-se traído, abandonado. E naquela triste e fria tarde de outono além da luz do sacrário uma pequena luz de fé também se apagou ali naquela alma.

Inferno Astral

Espirrou e tossiu novamente. É… definitivamente estava gripada novamente. Precisava fazer alguma coisa quanto à essa baixa resistência. Já perdera a conta de quantos resfriados, gripes e viroses pegara naquele ano. Parecia que estava constantemente doente. Os amigos viviam falando… ‘Menina, você precisa ver isso. Não é normal uma pessoa ficar doente tantas vezes assim.’Precisava ver um médico, tomar umas vitaminas… assim do jeito que estavam as coisas não poderiam continuar.

Era o auge do inverno e ela estava se sentindo péssima… felizmente era sábado e ela não tinha que sair da cama cedo nesse frio e ir trabalhar. Espiou o relógio em cima do criado mudo. Poderia dormir mais umas horinhas. Cochilou e sonhou que estava morrendo afogada. Acordou com o coração disparado… e o nariz congestionado. Consultou o relógio novamente. Eram quase dez horas…

É… era melhor levantar de uma vez, tomar um banho quente, come alguma coisa e  tomar um antigripal. Não estava conseguindo dormir mesmo. E para o tamanho do resfriado que ela estava era só isso que ela queria fazer… deitar e dormir. Bom, era essa a receita para curar um resfriado não era??? Repouso, líquidos, vitamina C e mais nada.

Depois de fazer o que tinha planejado, estava se sentindo melhor, mas não o suficiente para fazer o que quer que fosse em casa ou fora dela, ainda estava com aquela sonolência do tamanho do mundo. Agora a culpa não era só da gripe, mas também do remédio… Esses remédios sempre a deixavam com mais sono ainda.

Ironia das ironias… na manhã seguinte seria seu aniversário. Mais um aniversário doente. Era de praxe! Todo ano acontecia alguma coisa e ela ficava doente. Pessoas que acreditavam em astrologia diziam que era culpa do ‘inferno astral’ ela nunca entendera muito bem que diabos era esse tal de inferno astral.

Não acreditava muito nisso… mas, como já dizia o velho ditado das bruxas… ela também não descartava nada. Embora fosse, racionalmente inconcebível pensar que um planeta lá longe no universo orbitando ao redor do sol tivesse alguma relação com o fato de ela estar doente todos os anos no aniversário. O que diabos, Plutão ou Vênus tinham a ver com o que acontecia na vida dela???

E esse nome… Inferno Astral… eita nomezinho feio. Já existiam tantos tipos de inferno. Porque infernizar mais essa coisa. Voltou para a cama. Queria dormir mas estava incomodada demais. Se enrolou nas cobertas, puxou o notebook de debaixo da cama, ligou, conectou, abriu o navegador e digitou no buscador:”O que é inferno Astral”. Diversas definições. Ela encontrou uma que parecia adequada… Referente a uma fase ruim. Um alinhamento de planetas que pode trazer um ciclo astrológico negativo. Hum… Alguns sites diziam que trinta dias antes do aniversário se encerrava um ciclo astrológico e iniciava-se outro mas que não necessariamente esse período tinha que ser ruim.

E aqui estávamos nós novamente… no beco sem saída das crendices. A astrologia não explicava porque ela estava sempre doente nos aniversários. Fechou a aba do navegador. Leu uns e-mails e começou a bocejar de sono novamente. Ai Cristo… que sono, que dor no corpo. Quer saber… desligou tudo, colocou novamente o notebook embaixo da cama, engoliu o resto do suco de laranja que tinha trazido consigo de volta da cozinha. Se enterrou nos cobertores e resolveu dormir o resto do dia… Inferno Astral ou não era assim que ia passar aquele dia.

Fim.

Medindo as palavras…

Vamos fazer uma redação… Disse a professora para os alunos. Quase todos resmungaram… não gostando nada nada da ideia. Ela não reclamou, gostava de redação, quarenta minutos, uma hora em que ela podia ficar quieta com seus pensamentos, podia colocar esses pensamentos em palavras. Esperava que fosse tema livre.

Não vai ser tema livre disse a professora… e então ela se uniu aos demais colegas de turma e resmungou… Vamos falar sobre as palavras, sobre a força das palavras. Um monte de palavras para falar de palavras? Uma alma do além questionou a professora. Isso mesmo, ela respondeu sem titubear, as palavras são nossas ferramentas, nos as usamos para nos expressarmos verbalmente e por escrito. Elas são importantes.

Vamos falar sobre as palavras… ela começou a escrever uma série de palavras opostas no quadro negro. Vocês vão escolher no mínimo duas e no máximo quatro palavras opostas e escrever sobre elas… um texto de no mínimo trezentas palavras. Mais resmungos e mais reclamações. Trezentas palavras é demais para uma aula professora, disse a mesma alma perdida.

A professora pacientemente continuou colocando as palavras na lousa. Não é tanta coisa assim… vamos lá gente, eu já estou dando quatro palavras para vocês ficam faltando apenas 296. Mais resmungos. E além do mais são duas aulas e não apenas uma. E vale nota… Os adolescentes se resignaram, não iam escapar da tarefa mesmo.

Ela então pegou a caneta e abriu o caderno… olhou demoradamente para as palavras todas opostas no quadro negro. Escaneou uma a uma e sem titubear escolheu quatro palavras opostas: Amor vs Ódio e Adorar vs Odiar.

Parou diversos instantes, mirando as palavras. Amor, ódio, adorar, odiar… eram palavras fortes. As pessoas hoje em dia pareciam tão rasas. Será que alguma delas verdadeiramente sentia amor de verdade, ódio de verdade, adoração verdadeira… Ódio era uma palavras muito forte, muito forte mesmo, ela tinha certeza que jamais tinha sentido verdadeiro ódio por alguém ou alguma coisa.

Entretanto as pessoas usavam as palavras de forma tão leviana. Escreveu isso, depois pensou mais um pouco, adicionou mais umas palavras. Mordeu a tampa da caneta. Escreveu mais umas palavras. As pessoas geralmente abusavam das palavra, de todas as palavras, as pessoas não diziam o que realmente queriam dizer. Chamavam de amigos pessoas que consideravam apenas colegas e de amor pessoas que não amavam de verdade.

E usavam palavras como odiar e detestar para se referir a coisas cotidianas. Tipo, eu odeio brócolis… e às vezes ela nem sabia o gosto do brócolis. Como é que vc pode odiar uma coisa que nem sequer experimentou? A verdade é que a grande maioria das pessoas nunca tinha experimentado sentimentos tão extremos. Ela acrescentou mais essa frase ao texto. Aparentemente hoje em dia as pessoas não medem mais as palavras antes de usá-las (e abusá-las).

Um dia navegando pela internet ela encontrara um blogue de poesias e lá ela encontrara um poema sobre as palavras e numa frase o autor dizia… ‘as palavras, são só palavras’.

Talvez fosse verdade, nem sempre o que dizemos sentimos, nem sempre o que escrevemos é verdade… poetas tem esse dom, ela supunha. De escrever palavras bela e descrever sentimentos que eles não estão sentindo, que talvez nunca sentiram. Talvez as palavras sejam apenas peças encaixadas umas nas outras, como peças de um quebra-cabeças, formando um texto. Como essa redação… escreveu ela.

Quais os sentimentos por trás das palavras de um texto? De um livro? De uma redação que a gente nem queria escrever? Muitas vezes nenhum… muitas vezes ‘as palavras, são só palavras’. Às vezes quem escreve começa com uma intenção, focado num assunto e no meio do caminho, na curva de uma vírgula tudo muda, o texto ganha vida própria e as palavras surgem e a intenção primeira se perde e você até mesmo esquece do que queria falar… ou nesse caso, escrever.

Roeu a tampa da caneta mais uma vez, acrescentou mais alguns parágrafos. Releu o que tinha escrito… lembrava das aulas de redação, dois parágrafos de introdução, mais dois ou três de desenvolvimento e mais dois de conclusão… É… estava de bom tamanho. Contou o número de palavras… Setecentas e oitenta e oito palavras… é, a professora tinha razão. Trezentas palavras nem era tanta coisa assim… Olhou para o relógio, estava acabando a segunda aula… Ufa!!! Deu tempo!!!

Muito bem pessoal, disse a professora, cinco minutinhos, vamos terminando e entregando as redações. Colocou o ponto final, assinou. Pronto! Um dia a menos no ano letivo, um dever de classe a menos. Será que conseguira fazer um bom trabalho??? Bom… agora não adiantava ficar encucada nisso… agora era só entregar a redação e esperar a nota. Quem ia medir as palavras em nota agora, era a professora.